Aves aquáticas da Ilha de Paquetá.

Sob a enorme abóbada azul, livre de pinceladas
disformes de branco, admiro, desde muito,
o trânsito das aves aquáticas que sobrevoam
a Ilha de Paquetá e,
em especial, o meu
“encouraçado permanentemente
encalhado na Praia da Imbuca"

De urubus todos negros às garças de impecável branco
em seus permanentes movimentos, um interminável balé.
Logo me surpreendi ao me perguntar
“que pássaro é aquele?”
A principio, em conversa com gente da terra,
contentei-me com expressões de esclarecimento como
“aquela branca de perna comprida”, “a que plana”,
“o patinho que mergulha”, “aquelas que voam em formatura”
ou “a perseguido em luta aérea”.

Depois, mais curioso, dediquei-me á uma
melhor identificação de todas essas aves,
empreitada que não me foi fácil, haja vista a quantidade de
“acho que é”, “eu a conheço como” que não combinavam
com as pesquisas que eu já fazia na internet.
Como ajuda, passei a fotografar aquelas cinco aves
mais freqüentes nos céus da Ilha graças à minha
máquina digital de reduzidas dimensões que cabe
no bolso de minha bermuda e que me permitiu
colher flagrantes, e quantos: as garças brancas
de passadas lentas e cadenciadas quando em terra
de olho nos baldes dos pescadores;
os atobás que até emprestam seu nome a uma praça vizinha;
os biguás em seus vôos em formaturas;
as fragatas que flutuam fagueiras ao sabor dos ventos,
os trinta-reis abundantes e as raras gaivotas.

Hoje, já disponho de uma pequena coleção de fotos
de cada uma dessas aves, em diferentes aspectos e número.
Por fim, fui obrigado a recorrer a esta riquíssima
enciclopédia aberta que é o Google para dirimir
dúvidas cada vez maiores que me obrigaram
montar uma tabela de auto-ajuda...

E o que era para ser uma breve crônica
de observador e curioso transformou-se
em árduo trabalho de pesquisa para um
texto quase técnico. Esse é o mal do garimpo
nas páginas do Google que nos fazem voar
ou mergulhar mais e mais.

Foi então que encontrei um trabalho
“Asas da Liberdade: aves unindo hemisférios”
de autoria de Grasiela de Moura Terra
e Marisa Lemos Victorino Constante do qual,
à pagina 7, extraí este sugestivo parágrafo:
“As pessoas que se dedicam à atividade
de observação de aves buscam conhecimento,
um passatempo ou uma aventura que
as aproxima da natureza e exercitam
a sua capacidade intelectiva.
É um hobby muito saudável,
inspira o bom condicionamento físico e emocional.”

Garças brancas, a grande e a pequena

São ditas aves do manguezal mas abundam
na Ilha de Paquetá, pousadas em suas árvores,
perambulando pela orla ou se deslocando
em vôos baixos. Admiro-as na Imbuca.
Imagem de uma Garça branca
Garça branca
Imagem: https://www.flickr.com/photos/valedaneblina/7807662672

Apresentam-se em dois tamanhos.
A garça-branca-grande, também conhecida
como apenas garça-branca,
é uma ave completamente branca como já sugere
seu próprio nome, a não ser pelo bico, longo e amarelado,
e as pernas e dedos pretas. Mede, em média, 90 cm.
Apresenta enormes egretes no período reprodutivo.
A íris é amarela.
Alimenta-se de presas aquáticas,
peixes de forma bastante ativa, mas apreciam também
insetos, larvas, caranguejos, anfíbios e pequenos répteis.
Aproxima-se sorrateiramente, estica seu longo
pescoço e com seu longo bico
dá uma estocada precisa no alvo.

Tem um vôo esguio com seu peito proeminente
de cadenciado e leve bater de asas, pescoço sinuoso,
bico longo e de pernas esguia
s e longas esticadas à guisa de calda.
A garça-branca-pequena, também conhecida
como garceta, que chega a medir
até 54 cm de comprimento, é em tudo semelhante
à grande, a não ser pelo bico também preto
como as pernas, mas de dedos amarelos.
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Biguás

Biguás palavra que em tupi-guarani
se refere à ave aquática, mbiguá,
que foi aportuguesada com o tempo.
São também conhecidas pelos nomes de biguá-una,
imbiuá, mergulhão, miuá, pata-d'água
ou marrecas-piadeiras.

Imagem de um Biguá
Recorte do jornal
O GLOBO, abril 2010.

É uma ave que mede cerca de 75 cm
de comprimento e que tem coloração negra,
saco gular amarelo e tarsos negros.
Por carecer da glândula uropigial liberadora
de substâncias que deixam suas penas impermeáveis
à água apresenta vantagem em relação às outras
aves aquáticas na hora da caça,
já que suas penas molhadas se tornam mais pesadas
e retém menos ar, fazendo com que mergulhe
mais rapidamente. Para secá-las é comum vê-los
pousados com as asas abertas ao vento.
Alimenta-se de peixes e crustáceos.

É um exímio mergulhador de fôlego avantajado.
Não se contenta com os peixes da superfície.
Para capturá-los, mergulha a partir
da superfície da água, permanece um bom tempo
debaixo d'água na perseguição à presa em meio
a ziguezagues e viravoltas movidos pelos pés
até conseguir abocanhar sua presa com o bico,
indo aparecer de novo bem adiante,
mostrando apenas o pescoço para fora d'água.

Quantas vezes, da estação das barcas, das muretas
das praias ou até mesmo de meu ‘passadiço’,
os vejo e acompanho em suas pescarias.
Uma de suas principais características
é o costume de voar em bandos em forma
de V. Para alçar vôo do mar necessita
correr alguns metros para tomar impulso.
Quando voam se assemelham a patos,
sendo às vezes considerados
como tais equivocadamente.
Imagem de Biguás voando
Biguás voando
Foto WikiAves
Tive a oportunidade de assistir
duas enormes revoadas de biguás,
em diferentes ocasiões, uma em que partiam para o sul,
esta da foto, em rumo oposto com direito a pouso
entre as Ilha de Paquetá e de Itaoca
no dia 22 de abril de 2010.
Impressionaram-me em ambas,
a quantidade de aves e a duração do desfile!

Fragatas

As fragatas são, dentre todas as aves que observo,
as que me provocam a maior inveja ou melhor
dizendo, fascinação. São excelentes planadoras,
soberbas em suas flutuações aéreas.
Pairam no ar ao sabor das correntes de vento.
Fazem-me lembrar sonhos que há anos tive
em que planava como elas.

Que inesquecível sensação!
O seu nome comum está relacionado com
o seu hábito de assaltar outras aves marinhas,
tal como as fragatas de guerra.
Elas não conseguem andar em terra,
nadar nem levantar vôo de uma superfície plana.
São por isso aves pelágicas que só pousam em
penhascos durante a época de reprodução.
São no entanto aves extremamente rápidas em
vôo picado sobre o mar ou sobre outras aves.

A fragata dita comum tem corpo relativamente
pequeno, cerca de um metro de comprimento
e mais de dois de envergadura, pesa apenas 1,5 kg.
É a ave com maior superfície de asa por unidade de peso.
São fáceis de identificar pela exuberância dos machos.
Com penas pretas, eles possuem um enfeite vermelho
sob o bico, chamado bolsa gular, que incha para atrair
a fêmea na época da reprodução, entre setembro e outubro.
As fêmeas são menores, têm cabeça anegrada e peito branco.
Imagem Fragata, um macho com peito estufado
Fragata, um macho com peito estufado.
Foto WikiAves
Lá do alto, lá de cima,
observam a superfície do mar, localizam um cardume,
determinam seu alvo, um peixe, descem e em vôo rasante
o capturam com seu bico curvo para tornar
imediatamente às alturas. As fragatas não têm como
os atobás, seu concorrente na pescaria, a glândula que produz
o óleo urupigial, substância impermeabilizante para as penas,
e mais, estas aves não conseguem nadar.

Alimenta-se somente de peixes capturados na superfície,
como a sardinha, enquanto os atobás vão mais fundo.
Na hora da caça em que a fome aperta, um sinaliza
a posição do cardume, o outro ataca e ambos dividem
a refeição em uma luta aérea, digna de ser assistida,
de manobras radicais e ágeis, de perseguições e fugas,
e de roubos. Quantas vezes um peixe é libertado
e cai para ser recuperado em seguido, por um ou por outro.
Em muitas das vezes os atobás conseguem
se livrar das fragatas pousando na água, aproveitando-se
de elas não conseguirem nadar. As fragatas molestam
as outras aves marinhas à procura de peixes regurgitados.

Atobás

O atobá, atobá-pardo ou mergulhão
é também conhecido como toba, mambembo,
mumbebo ou alcatraz-pardo.
É uma ave atarracada, de pernas curtas
e de peito avantajado, bico alongado cônico e serrilhado.
Os olhos estão localizados na frente da cara,
o que lhes confere visão binocular.
A sua plumagem é cor de café com a barriga branca.
A garganta e o loro são nus, encarnados.
Os pés e o bico são verde-cinzento nos machos
e amarelos nas fêmeas. As patas estão localizadas
na metade posterior do corpo e terminam em pés
totipalmados (que assentam na totalidade no solo)
com dedos unidos por membrana interdigital.
É uma ave residente que se alimenta
exclusivamente de peixes.
Podem viver entre 10 a 20 anos.
Imagem de um atobá em pleno voô
Um atobá em pleno voô
Foto: WikeAves

Pescador admirável, graças à sua visão aguçada
é considerado um excelente observador de cardumes
enquanto realiza sobrevôos circulares sobre o mar.
Uma vez localizada a presa inicia o ritual da caça
ou da captura. Encolhe as asas junto ao corpo
e executa um mergulho magistral quase na vertical
em alta velocidade atingindo profundidades
de até 2 metros de onde emerge trazendo
um peixe no bico Às vezes em vôo rasante
não precisando elevar-se muito pesca
à flor da água, em pequenos mergulhos.

Costumam acompanhar os barcos de pesca
em tremendo alvoroço, chegando mesmo a
neles pousar para um descanso como me ocorreu
observar na borda ao lado da cozinha em meu
Balizador fundeado em Abrolhos.
São confundidos com as gaivotas das quais diferem,
principalmente, por terem o corpo predominantemente
marron e por apresentarem
um anel azul em torno dos olhos.

Trinta-réís

A trinta-réís é outra ave aquática,
esta medindo de 33 a 38 cm de comprimento.
A maior ave do grupo,
a trinta-réis-grande (Phaetusa simplex),
mede 43cm. Normalmente, pesa em média 136 gramas
e possui uma envergadura de asas de 79 cm.

Tem cauda bifurcada, bico reto e pontiagudo,
voltado para baixo durante o vôo, e asas mais estreitas
que a gaivota com as quais são muito confundidas.
O adulto reprodutor apresenta uma mancha preta
na cabeça e o bico vermelho com a extremidade negra.
O corpo é cinzento claro na parte superior
e branco na parte ventral. A cauda é branca e bifurcada
e o lado inferior das asas apresenta
um bordo preto ao longo das primárias
Costuma reunir-se em bandos sobre
cardumes de peixes ou na praia, para descansar.

Paira no ar durante algum tempo, mergulhando
em seguida para capturar peixes a pouca profundidade.
Alimenta-se também de insetos, camarões,
caranguejinhos e outros pequenos animais marinhos.
É outra perseguida das fragatas das quais foge
com seu vôo ágil e Rápido.
Ocasionalmente rouba comida de outras aves.
São abundantes nas praias da Guarda
e da Moreninha sobre as pedras.
Imagem de Bando de trinta-reis
Bando de trinta-reis.
Foto: Celi Aurora.

Gaivotas

E as gaivotas? Ditas comuns na Baía de Guanabara,
ainda não consegui identificar uma nos céus
de Paquetá, mas nem por isso poderia deixar
de mencioná-las neste trabalho,
por serem consideradas uma das aves mais
antigas do mundo.

Ao todo, existem mais de quarenta espécies,
Têm asas longas, pernas curtas e patas natatórias
com membranas unindo os dedos.
Têm cauda arredondada e bico forte e comprido
de ponta curva o que as diferencia das trinta-reis.
O macho e a fêmea se assemelham,
sendo o primeiro freqüentemente mais corpulento.
As gaivotas são geralmente onívoras:
pegam insetos, crustáceos e moluscos nas praias;
peixes e detritos de navios, no mar e ao longo da costa;
e vermes na terra. Algumas assaltam ninhos
de outras gaivotas, ainda que da mesma espécie,
para pilhar ovos e filhotes.
Imagem de Gaivotas
Gaivotas
Autor do texto: Ney Dantas.




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